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sexta-feira, 30 de julho de 2010

O peso da solidão ...

Este é um blog que respira através da minha inspiração, que tem andado algo cansada ... mas depois de uma conversa de café, voltei a sentir a urgência de escrever sobre a forma como a solidão nos pode afectar e condicionar a existência.
Isso porque há dias conversava com uma amiga sobre uma conhecida nossa ... uma senhora espectacular e que sei estar com alguém que não lhe acelera o coração, nem a trata particularmente bem, mas que a dita senhora não consegue deixar. 
Ele dá-lhe migalhas de afecto, não a faz rir até ficar sem fôlego e raras vezes a defende perante quem realmente importa. E ela sabe disso e sujeita-se, contentando-se com o pouco que recebe ... e vai dizendo aos outros (e tentando convencer-se a si própria) que ele lhe faz companhia, até lhe dá a mão quando andam na rua e que assim sempre pode sossegar a mãe, porque "agora não acaba os dias solteira".
E fico triste por pensar que esta senhora, um ser humano decente e de quem gosto muito, tem consciência que esta não era a relação que desejaria, mas uma aceitável ... e vai vivendo um dia de cada vez, acreditando que os sentimentos vão mudar e crescer ... e quem sabe, um dia, até pode chegar a amá-lo ...  e ele a ela?
Mas enquanto esse despertar do coração não chega, ela está acomodada num relacionamento opaco, porque a alternativa é muito pior ... é continuar só ... e estar carente de afecto, de um carinho, de um toque mais íntimo ... e chegar todos os dias a uma casa vazia ... de voz e de calor humano ... e noite após noite, dormir sozinha, numa cama em que é o cansaço quem a embala e não o abraço de alguém especial ...
Perdoem-me pelo desalento, mas conheço tantas pessoas assim, que se tornam "realistas" e desistem de encontrar uma relação que as faça rebentar de alegria, permitindo-se amar perdidamente ("e dizê-lo cantando a toda a gente"), porque deixaram de acreditar na magia do romance ... 
Na minha forma de pensar, entendo que quando somos novos, a frescura do espírito renova-nos a força para voltar a apostar no mais belo sentimento do mundo ... mas à medida que os anos vão passando e as rugas nos vão marcando a face, a esperança começa a esfumar-se, levando com ela todas as expectativas e sonhos de juventude ... e quero (sinceramente) estar enganada, mas é isto que vejo e ouço das pessoas que me rodeiam ...
Por outro lado - e enquanto romântica confessa - custa-me reconhecer que o amor não acontece por magia, por mais que queiramos. E que a realidade acaba por não ser tão "fofinha" como nos filmes, em que há sempre o "happy end" ... 
Ainda que por vezes aconteça o inesperado a alguns sortudos, que vivem autênticas histórias de amor (felizmente, conheço alguns casos!), cada vez mais acredito que a felicidade é uma conquista ... não cai do céu ... e que muitas vezes temos de ser nós a dar o primeiro passo, se calhar um passo maior do que a nossa perna, mas arriscar um "leap of faith" ... porque a felicidade não pode ser medida pelos medos, mas pela esperança numa realidade melhor ... 
E preciso mesmo, mesmo de acreditar que, apesar da solidão ser madrasta para muitos, há quem consiga conviver com ela e prefira estar só do que com alguém que não a deixe com borboletas no estômago! 
E falo por mim, eu preciso de quem me faça sorrir o coração e continue a gostar de mim, mesmo depois de ouvir as minhas gargalhadas sonoras no cinema ... porque é assim que deve ser :)