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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Relações "fast-food" ...

Hoje em dia as pessoas têm relações a que apelido de "fast-food", tanto a nível amoroso como de amizade. Uma situação que me inquieta sobremaneira, pois revela o estado a que chegámos enquanto seres humanos. Esta é a melhor definição que ouvi até hoje deste tipo de relações e foi-me dita por um grande amigo meu ... vejam lá se não concordam:
"Realmente cada vez mais observo nas pessoas como elas querem correr de uma relação para outra, passam a vida toda a correr, ao invés de andar, como se fosse uma corrida cuja meta é a morte. Para curar um coração num estado vegetativo (ou partido) procuram alguém com as características que gostam, que consideram necessárias ... e ficam apenas o tempo suficiente para descobrir se essa pessoa as possui ou não (antes era uma conversa num bar, agora são 2 semanas de sms) se sim, ficam ... se não, next! ... mas a amizade que podia ser gerada aí, mesmo que não haja o "click", a química para o amor ... essa já não tem o valor que tinha ..."
Eu sei que hoje em dia é mais fácil conhecer pessoas ... nos bares, discotecas, ginásios e até através da Internet (com o msn e hi5), mas sinto que julgamos depressa demais quem acabamos de conhecer, por qualquer chatice ou mal-entendido, descartamos as pessoas ao primeiro sinal, por já estarmos à espera de mais uma desilusão ...
Antigamente, havia quem se casasse mal conhecendo o outro, que depois se tornaria parceiro de uma vida, mas porque as pessoas não tinham grande escolha ... os divórcios eram mal aceites pela sociedade e os casais tinham de fazer um esforço maior para se darem bem ... e muitos acabavam por se apaixonar e serem mesmo felizes ...
Hoje em dia, e perdoem-me o descrédito, os jovens casam e à mínima discussão, divorciam-se ... não digo que se casem de ânimo leve, mas sem a consciência plena de que um compromisso como o casamento tem imensos picos altos, de extremo amor, mas também implica cedências, discussões e momentos menos bons ... é isso que fortalece um relacionamento, resistir às contrariedades, mas parece que as pessoas desistem tão cedo, demasiado cedo ...
Vivemos numa sociedade cada vez mais massificada, anónima e apressada, as pessoas passam a ser números de telemóvel, que apagamos no dia seguinte por já não nos lembrarmos delas ...
Com esta lógica dos relacionamentos "fast-food", sinto que quando conheço alguém interessante, estou numa entrevista para um emprego, em que tenho de dar a melhor impressão possível em 30 minutos ... entristece-me pensar que me tiram a oportunidade de eu me dar a conhecer por inteiro, com tudo o que isso implica, qualidades e defeitos ...
Amigos, reflictam, vejam se é desta forma "fast-food" que queremos passar pela vida, ou se às vezes não vale a pena arriscar e conhecer melhor quem nos rodeia ...

3 comentários:

  1. Bem, esta é forte! E como te disse há dias, pessoalmente, vamos tendo de tudo nesta sociedade. De tudo, quis dizer relações 'fast-food', relações 'long-food', não às relações... Repara que em tudo na vida temos de evitar generalizar, sendo certo que está a imperar muito dessa primeira opção, não deixa de ser certo que muita gente continua a amar à primeira e a continuar por muitos e bons anos juntos (com todas as convulsões e vicissitudes de uma relação a dois), como também há quem não queira nem uma coisa nem outra (geralmente são pessoas demasiadamente fartas do 'fast' ou demasiado magoadas por um mau 'long')...
    O mais difícil hoje em dia é encontrarmos 'aquele amor', aquele que nos arrebata, que sabemos ser capaz de nos levar até ao fim do mundo, que sentimos conseguir 'aturar' (é só um termo, modo de escrever) por muitos e longos anos...porque as personalidades chocam, os interesses são comuns, as pessoas à volta (também importantes) são comuns e, por fim, a intimidade é um renovar de ideias e projectos a cada dia, semana, mês ou ano...
    Achei piada àquela da "entrevista para um emprego" e, no seu peso certo, até tem sentido dada a rapidez com a qual temos de nos valer para conhecer alguém que pode interessar...antigamente era muito mais difícil (pelo assim nos contam), demorava uma eternidade o processo e conhecimento e reconhecimento entre dois jovens, sempre acompanhados dos familiares...vendo bem a coisa, aprendia-se a respeitar a família, a pessoa, a privacidade...hoje é tudo às claras! Sem pudor.
    Já deves ter reparado que para mim relações 'fast-food' não funciona...gostaria muito de ter uma 'long', mas estou mais inclinado para ficar no meu cantinho, 'no relations at all'...quem sabe não reparem em mim!

    Para quem gosta, é fácil demonstrar esse amor em público (dizem os que amam que não vêm outra coisa à frente), para quem anda a 'curtir', quanto mais escondido melhor....neste último parágrafo está um novo tema que pode explorar e com esta pergunta: Porque é que temos de mostrar aos outros que gostamos de uma pessoa, não basta ela saber?

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  2. É com a naturalidade da declaração do sr. Cardoso que afirmo que a tendência natural de vivermos individualmente ainda persiste.
    Podemos ser experientes pelo simples facto de dispensarmos algum tempo para observarmos, ver o fado dos outros, enfim, identificarmos o que queremos, por mais árduo que seja.
    Identifico-me com a opinião de que não temos que mostrar aos outros que gostamos de alguém. "Basta ela saber". E, é nesta incerteza que procuramos a relação onde os personagens não se pronunciam, como se estivessem silenciados pela emoção. É num simples gesto ou olhar que as relações ganham significado e, finalmente com o repetir destes gestos ganham duração quase perpétua.
    Eu estou numa relação duradoura, mas tal não alivia a minha solidão... o meu espaço onde penso, quero e desejo está sempre definido.

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  3. Acho que nos novos tempos estão a trazer muitas coisas menos boas, querem inovar, mudar, etc, que se esquecem do que nos sustenta, que nesse caso é a familia. Quem não tem a sorte de ter uma familia decente, apoia-se nas relações pessoais. E estas constroem-se com amor, dedicação, carinho, e não com relações desprovidas de qualquer sabor.
    Tanto querem, que não chegam a lado nenhum.... Não é por acaso que a infelicidade a nível afectivo está tão elevada!!

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